Uma visão Farmacêutica da vida e do mundo...

Ontem fui visitar com os meus colegas de estágio no âmbito dos seminários da faculdade a clinica de análises do Dr. Joaquim Chaves. Pode-se dizer que fiquei super admirado com a organização, mas acima de tudo fiquei admirado com a excelência dos serviços e da equipe técnica altamente especializada que trabalha diáriamente nesta empresa que eu considerava a maior do país neste sector. Mas foi com pena minha que senti a incerteza no futuro dos nossos anfitriões da visita. Portugal encontra-se numa fase decisiva na área da saúde, a preocupação avança à medida que crescem novos projectos para novos hospitais privados, novas clinicas privadas pertencentes a grandes grupos económicos que cavalgam sem oposição Portugal a dentro saqueando o nosso capital e expoliando os Portugueses dos seus direitos mais fundamentais - a decisão de escolha. Vejamos os seguros de saúde, dão-nos alguma liberdade, um numero vastissimo de médicos, uma panóplia de serviços que por uma prestação módica mensal são nos propostos num simples cartão. A liberdade de escolha do utente fica em causa, a partir do momento que assinamos um cartão desses ficamos sujeitos não à nossa escolha mas sim aos acordos dessa seguradora. Ministros atrás de ministros tem vindo a assinar acordos que acabam por destruir os nossos serviços aquilo que nós temos de melhor, as clinicas de proximidade, as farmácias de proximidade oferecendo isso tudo aos grandes grupos económicos, os privados. Ficaremos sem nada e nas mãos de pessoas que não conhecemos. Os nossos governantes estão mais preocupados em assegurar o seu futuro pós governo do que criar oportunidade para os que ficam. Criou-se a ideia que o bom é trabalhar para um patrão que não se conhece ou então para o grupo Sonae, eu tenho vergonha do que eles fazem mas a verdade é que 30 anos de liberdade não nos trouxeram mais liberdade. Estamos cada vez mais presos nas garras dos grandes capitalistas, 30 anos de liberdade trouxeram mais precaridade, hoje em dia aos 35 anos já somos velhos para arranjar emprego. O estado português patrocina o emprego precário, a utilização de estagiários não remunerados e assim se vive 30 anos de liberdade. Eu compreendo porque Salazar ganhou nos grandes Portugueses e isso não me faz prurido porque compreendo perfeitamente a orientação do voto. Deixamos uma ditadura negra, deixamos de ser um país pequeno de mentes pequenas para sermos nos dias de hoje um país pequeno dominado por mentes estrangeiras, para sermos um país à mercê dos desejos do capital internacional, das clinicas espanholas de aborto, de análises clínicas, de cuidados de saúde. Abrem faculdades que oferecem cursos onde já se sabe que o desemprego é a unica saída. Há falta de médicos e no entanto só existem ainda 4 universidades de medicina. Em Farmácia não havia desemprego, hoje em dia abriram 9 faculdades de farmácia e para quê? o país precisa de mais farmacêuticos? ou os grandes grupos económicos precisam que haja excesso de farmacêuticos para que se baixe a tabela salarial e assim se possam expoliar estes profissionais de saúde? Que atitudes são estas Portugal? Qual é o rumo do nosso sistema nacional de sáude? Qual é o rumo do nosso país. 30 anos de Liberdade para quê? Hoje posso escrever num blog o que sinto sem ser preso, mas isso não significa que as minhas palavras sejam ouvidas. Já no tempo de salazar não era assim.

A nossa área está em risco, cabe a nós profissionais da farmácia evoluirmos reivindicarmos os nossos direitos. Cada vez mais torna-se importante mostrar o nosso valor, mostrar o que valemos e lutarmos pela excelência dos nossos serviços. Só assim eles não nos irão destruir. Acautelem-se, está para nascer um curso denominado Engenharia Farmacêutica, será que até esta área nos querem roubar?

Para pensar...